22.9.08

Ian Hamilton: "Epitaph" / tradução de Nuno Vidal

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Epitaph

The scent of old roses and tobacco
Takes me back.
It's almost twenty years
Since I last saw you
And our half-hearted love affair goes on.

You left me this:
A hand, half-open, motionless
On a green counterpane.
Enough to build
A few melancholy poems on.

If I had touched you then
One of us might have survived.



Epitáfio

O aroma de rosas velhas e tabaco
Faz-me regressar.
Há quase vinte anos
Que não nos vemos
E a nossa desapegada paixão continua.

Foi isto que me deixaste:
A mão, entreaberta, imóvel
Sobre uma colcha verde.
O bastante para erguer
Alguns poemas melancólicos.

Se então eu te houvesse tocado
Um de nós podia ter sobrevivido.



De: HAMILTON, Ian. Cinquenta poemas. Edição biligue. Trad. Nuno Vidal. Lisboa: Cotovia, 1995.

11 comentários:

  1. UM SONETO DE SHAKESPEARE :


    Soneto XVII


    Who will believe my verse in time to come

    If it were filled with your most high deserts?

    Though yet heaven knows it is but as a tomb

    Which hides your life and shows not half your parts.

    If I could write the beauty of your eyes

    And in fresh numbers number all your graces,

    The age to come would say, `This poet lies:

    Such heavenly touches ne’er touched earthly faces.’

    So should my papers, yellowed with their age,

    Be scorned like old men of less truth than tongue,

    And your true rights be termed a poet’s rage

    And stretched metre of na antigue song:

    But were some child of yours alive that time,

    You should live twice, in it and in my rhyme.





    UM FORTE ABRAÇO!
    ADRIANO NUNES.

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  2. CISCO











    V I O N I R
    A C L A C A
    M S A I U Q
    O C I T P O
    A N I T E R
    V I T R E O
    C R I S T A
    L I N O A Q
    U O S O I R
    I S C O R N
    E A V O C E


    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.


    P.S. : PENA QUE AS CORES ORIGINAIS DO POEMA NÃO APAREÇAM COMO ESTÁ NO BLOG( AS CORES PRIMÁRIAS ). LEMBRANDO QUE A IMAGEM É PROJETADA NA RETINA INVERTIDA E QUE DAÍ SEGUE ATÉ O SULCO DO LÁBIO CALCARINO NO LOBO OCCIPITAL DO CÉREBRO(RESPONSÁVEL PELA VISÃO!)

    UM IMENSO ABRAÇO!

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  3. lindo, cicero, e uma pedrada no meu peito (rs). da melhor qualidade, é claro, mas, pro momento que vivo, uma pedrada (rs)...

    adorei o título do poema; condiz com todo o conteúdo (rs).

    sabe o que me lembrou? o nosso amado poetinha, com o verso que declara: "porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz".

    e é mesmo...

    beleza pura, meu lindo!
    beijoca!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Nossa, absurdamente lindo. Vou procurar ler ainda mais coisas de Hamilton. Passar por aqui é certeza de boas referências. Um beijo, meu poeta.

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  6. Também fiquei afim de ver os outros 49 poemas...
    Tradução é tema que me fascina, e tenho sido muito feliz com as que você coloca aqui. Muito obrigado!!

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  7. tudo
    entre nós
    é repentino
    menos seu olhar
    premeditado
    tramado
    urdido
    amealhado

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  8. Meu coração
    É cabaço
    Inventou mil maneiras
    De me esconder
    Perdeu-se
    No labirinto
    Das coisas que sinto
    Ou será que minto?
    Em meio à guerra de aço
    Virou poeira
    E só por algum tempo
    Vislumbrou
    A luz e o som
    Na porta da beira
    E agora não faz outra coisa senão
    Querer revê-la.

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  9. Prezado Antonio, a maioria dos poemas estrangeiros quando vertidos para outras linguas perdem algo do seu ritmo, da sua sensibilidade. A tradução do Nuno é tão preciosa que o poema em português chega a ser mais lindo do que em inglês. Obrigado por partilhar. Grande abraço

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  10. Amei este poema. Voltei aqui só para relê-lo. Vou atrás de mais coisas de Ian Hamilton, que eu não conhecia. Obrigada pelo poema e pela referência.

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  11. Zeus, só conheci depois de aprender a ler, enquanto que, Xangô, Iemanjá, Preto Velho, lembro-me de ter ouvido antes mesmo de Deus, o substativo próprio da idéia de um:




    abraço,
    Marcelo Diniz

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