24.7.07

Manuel Bandeira: O Rio

Uma obra-prima de Bandeira:


O RIO

Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.

8 comentários:

  1. o processo de refletir sem mágoas e ser todo líqüido já é a prórpia transição, eu penso.

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  2. quando a superficie do reflexo mistura-se a profundidade da reflexão... é quando ismalia se perde...

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  3. Cícero, adoro este espaço aqui não só por ele estreitar a distância entre você e nós, fãs, mas por permitir que conheçamos também suas influências. Este poema de Bandeira é primoroso, bem como os trechos anteriores de Ferreira Gullar, Lewis Carroll, etc. Um grande abraço, Arthur. (Trocamos e-mail há um tempo, prometi mandar-lhe um cd meu. Houve um atraso no prazo da prensagem, mas já o tenho em mãos e logo logo envio).

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  4. tenho um silêncio a bordo.
    que ergue os mastros,
    ajusta as velas,
    teme à correnteza,
    vê passar o vento em procelas...
    um silêncio
    que milhões de estrelas operam.
    e, dentro deste silêncio friamente calculado,
    mil outros silenciozinhos
    gritam desesperados...

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  5. Oi, Antonio.
    O mais legal desse poema é o uso das recorrências de palavras como se fossem o rio-que-é-sempre-o-mesmo... mas que é sempre diferente.
    As palavras e os sons que se reduplicam na superfície do poema iluminam a mente do leitor que, se esperto escafandrista, buscará, nas "profundidades tranqüilas" do texto, as pérolas ofertadas aos poucos.
    Abbracci

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  6. Olá, adorei saber que tem um blog, pois ando lendo sua coluna na FSP e gosto muito. Abs

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  7. Fabuloso. A água como reflexo do movimento, da vida. Fonte de luz e trevas.

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  8. "O Rio" é um dos poema que eu mais admiro. Ele forma uma cruz cuja verticalidade marca a vida, enquanto a horizontalidade marca a memória. Fluxo e ascensão encontram-se na palavra para expressar a vivência do poético e do imaginário.
    Bandeira entende bem a terceira margem do rio...

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