28.7.18
"As artes plasticas hoje": Mesa redonda na ABL
Às 17h30m do dia 31 do corrente mês, terça-feira, terá lugar, no Teatro R. Magalhães Pinto, na Av. Presidente Wilson, 203, a mesa redonda "As artes plásticas hoje", que será coordenada por mim.Dela participarão Paulo Sergio Duarte e Paulo Venancio Filho, dois dos mais importantes críticos e curadores de arte no Brasil. Essa mesa-redonda fará parte do seminário "Brasil, brasis", concebido e coordenado pelo Acadêmico Domício Proença Filho.
Evando Nascimento: "Uma literatura pensante: Pessoa, Clarice e as plantas"
Assistam ao vídeo da bela palestra pronunciada pelo escritor, pensador e professor universitário Evando Nascimento, na ABL, intitulada "Uma literatura pensante: Pessoa, Clarice e as plantas". Essa conferência fez parte do ciclo de conferências intitulado "Poesia e Filosofia", que concebi e coordenei no mês de julho.
27.7.18
Bertolt Brecht: "General, dein Tank ist ein starker Wagen"/"O vosso tanque, general, é um carro forte"
General, dein Tank ist ein starker Wagen
General, dein Tank ist ein starker Wagen.
Er bricht einen Wald nieder und zermalmt hundert Menschen.
Aber er hat einen Fehler:
Er braucht einen Fahrer.
General, dein Bombenflugzeug ist stark.
Es fliegt schneller als der Sturm und trägt mehr als ein Elefant.
Aber es hat einen Fehler:
Es braucht einen Monteur.
General, der Mensch ist sehr brauchbar.
Er kann fliegen, und er kann töten.
Aber er hat einen Fehler:
Er kann denken.
O vosso tanque, general, é um carro forte.
O vosso tanque, general, é um carro forte
Derruba uma floresta, esmaga cem homens,
Mas tem um defeito
– Precisa de um motorista.
O vosso bombardeiro, general, é poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga do que um
Elefante.
Mas tem um defeito
– Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar e sabe matar
Mas tem um defeito
– Sabe pensar.
BRECHT, Bertolt. "General, dein Tank ist ein starker Wagen"/"O vosso tanque, general, é um carro fote". Trad. de Geir Campos. In: CAMPOS, Geir. O livro de ouro da poesia alemã. Editora Ediouro, s.l. e s.d.
24.7.18
Conferência de Evando Nascimento na ABL
A Academia Brasileira de Letras encerra o Ciclo de Conferências que, a convite da Acadêmica Ana Maria Machado, concebi para o mês de julho de 2018, com a palestra do escritor, pensador e professor universitário Evando Nascimento. O tema escolhido foi Uma literatura pensante: Pessoa, Clarice e as plantas. Tenho certeza de que será interessantíssimo.
O evento está programado para quinta-feira, dia 26 de julho, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.
O evento está programado para quinta-feira, dia 26 de julho, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.
23.7.18
Elias Canetti: trecho de "A consciência das palavras": trad. de Nelson Ascher
A morte é o primeiro e mais antigo, haveria quase a tentação de dizer: o único fato. Tem uma idade monstruosa e, ainda assim, é nova a cada hora. Seu grau de dureza é dez, e ela corta também como o diamante. Ela possui o frio absoluto do espaço exterior: 273 graus negativos. Ela tem a velocidade de um furacão, a maior. Ela é muito real e superlativa, mas não é infinita, porque pode ser alcançada por qualquer caminho. Enquanto a morte existir, qualquer declaração é uma declaração contra ela. Enquanto a morte existir, qualquer luz é um fogo-fátuo, pois conduz a ela. Enquanto a morte existir, nenhuma beleza é bela, nenhuma bondade é boa. [...] Todas as tentativas de chegar a um acordo com a morte (e que mais são as religiões?) falharam. A descoberta de que não há nada após a morte – uma apavorante e inexaurível descoberta – banhou a vida com uma nova e desesperada santidade. O escritor que, em virtude do que nós, algo sumariamente, chamamos de seu vício, é capaz de de participar de muitas vidas deve participar também de todas as mortes que ameaçam aquelas vidas. Seu próprio medo (e quem não teme a morte?) deve tornar-se o medo que todos têm da morte. Seu próprio ódio (e quem não odeia a morte?) deve transformar-se no ódio que todos têm da morte. Isso e nada mais é sua oposição ao tempo, repleta de uma miríade de mortes.”
CANETTI, Elias. Trecho de “A consciência das palavras”. In: ASCHER, Nelson. “Canetti e a consciência das palavras”. Trad. por Nelson Ascher. In: Folha de São Paulo: Ilustrada, 02/05/1987.
21.7.18
Antonio Cicero: "Balanço"
Balanço
A infância não foi uma manhã de sol:
demorou vários séculos; e era pífia,
em geral, a companhia. Foi melhor,
em parte, a adolescência, pela delícia
do pressentimento da felicidade
na malícia, na molícia, na poesia,
no orgasmo; e pelos livros e amizades.
Um dia, apaixonado, encarei a minha
morte: e eis que ela não sustentou o olhar
e se esvaiu. Desde então é a morte alheia
que me abate. Tarde aprendi a gozar
a juventude, e já me ronda a suspeita
de que jamais serei plenamente adulto:
antes de sê-lo, serei velho. Que ao menos
os deuses façam felizes e maduros
Marcelo e um ou dois dos meus futuros versos.
demorou vários séculos; e era pífia,
em geral, a companhia. Foi melhor,
em parte, a adolescência, pela delícia
do pressentimento da felicidade
na malícia, na molícia, na poesia,
no orgasmo; e pelos livros e amizades.
Um dia, apaixonado, encarei a minha
morte: e eis que ela não sustentou o olhar
e se esvaiu. Desde então é a morte alheia
que me abate. Tarde aprendi a gozar
a juventude, e já me ronda a suspeita
de que jamais serei plenamente adulto:
antes de sê-lo, serei velho. Que ao menos
os deuses façam felizes e maduros
Marcelo e um ou dois dos meus futuros versos.
CICERO, Antonio. "Balanço". In:_____. Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.
19.7.18
Lançamento de "O menino que comia foie gras", de Hudson Carvalho
Como se lê no convite abaixo, na próxima segunda-feira será lançado o excelente livro de Hudson Carvalho, O menino que comia foie gras: crônicas do gourmand Pedro Henriques, para o qual tive o prazer de fazer o prefácio, intitulado "Come-se o texto". É isso mesmo: tanto as guloseimas ali apreciadas quanto o próprio textos são deliciosos! Não percam!
Antonio Cicero
Antonio Cicero
Frank O'Hara: "Today" / "Hoje": trad. de Beatriz Bastos e Paulo Henrique Britto
Hoje
Ah! cangurus, paetês, milk-shakes!
Que beleza! Pérolas, gaitas,
jujubas, aspirinas! todas essas
coisas sobre as quais sempre se fala
ainda fazem de um poema uma surpresa!
Elas estão conosco todos os dias mesmo
que em casamatas e catafalcos. São coisas
com sentido. São fortes feito pedra.
Today
Oh! kangaroos, sequins, chocolate sodas!
You really are beautiful! Pearls,
harmonicas, jujubes, aspirins! all
the stuff they’ve always talked about
still makes a poem a surprise!
These things are with us every day
even on beachheads and biers. They
do have meaning. They’re strong as rocks.
O'HARA, Frank. "Today"/"Hoje". In:_____. Meu coração está no bolso. Trad. de Beatriz Bastos e Paulo Henriques Britto. São Paulo: Luna Parque, 2017.
17.7.18
Antonio Cicero: "A poesia e a filosofia no mundo contemporâneo"
Na semana passada proferi uma palestra intitulada "A poesia e a filosofia no mundo contemporâneo", na Academia Brasileira de Letra. O vídeo correspondente foi postado no YouTube pela ABL. Ei-lo:
15.7.18
Barão Vermelho: "A máquina de escrever"
Agradeço a Adriano Nunes por me ter informado que o poema "A máquina de escrever", de Giuseppe Ghiaroni, que publiquei aqui anteontem, foi, há anos, musicado por Frejat/Barão Vermelho. Eis o link para a canção, no YouTube: https://youtu.be/7SlEOxqq1dI.
13.7.18
Giuseppe Ghiaroni: "A máquina de escrever"
Agradeço a Antonio Torres, por me ter chamado atenção para o seguinte belo poema de Giuseppe Ghiaroni:
A máquina de escrever
Mãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.
Vende esse rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio.
Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.
Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.
Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.
Vende meus olhos a um brechó qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher.
Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva.
Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo.
Mas poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas, tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.
Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!
Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta,
o meu doce instrumento musical.
Bate rangendo, numa espécie de asma,
mas cada vez que bate é um grão de trigo.
Quando eu morrer, quem a levar consigo
há de levar consigo o meu fantasma.
Pois será para ela uma tortura
sentir nas bambas teclas solitárias
um bando de dez unhas usurárias
a datilografar uma fatura.
Deixa-a morrer também quando eu morrer;
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema
que as palavras não dão para fazer.
Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e, nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar.
GHIARONI, Giuseppe. "A máquina de escrever". In:_____. A máquina de escrever. São Paulo: Scortecci, 1997.
12.7.18
Luís Felipe Castro Mendes: "Estóicos"
Estóicos
Deixa-te ficar comigo à beira do rio.
Entardeceu. Não procures o vulgar brilho da beleza
nem a sedução da mocidade.
Se te falarem dos deuses, finge entender.
E se chamarem poeta ao dono do circo,
concorda gravemente.
MENDES, Luís Felipe Castro. "Estóicos". In:_____. Os dias inventados. Lisboa: Gótica, 2001.
9.7.18
A poesia e a filosofia no mundo contemporâneo
Na próxima quinta-feira, dia 12 de julho, às 17h30, darei, no Teatro R. Magalhães Jr., da Academia Brasileira de Letras, a palestra "A poesia e a filosofia no mundo contemporâneo". Ela será parte do ciclo de conferências "Poesia e Filosofia" do qual -- a convite da Primeira Secretária d ABL, a escritora Ana Maria Machado -- sou o coordenador, no corrente mês. A entrada será franca.
Como parte do mesmo ciclo de conferências, ocorreu, na quinta-feira passada, no mesmo local, a bela e erudita conferência de Alberto Pucheu, "Espantografias: entre poesia e filosofia". Na quinta-feira, dia 26 do corrente mês, terá lugar a conferência de Evando Nascimento, intitulada "Uma literatura pensante: Pessoa, Clarice e as plantas".
Como parte do mesmo ciclo de conferências, ocorreu, na quinta-feira passada, no mesmo local, a bela e erudita conferência de Alberto Pucheu, "Espantografias: entre poesia e filosofia". Na quinta-feira, dia 26 do corrente mês, terá lugar a conferência de Evando Nascimento, intitulada "Uma literatura pensante: Pessoa, Clarice e as plantas".
Wisława Szymborska: "ABC": trad. de Regina Przybycien
ABC
Jamais vou descobrir
o que A. pensava de mim.
Se B. até o fim não me perdoou.
Porque C. fingia que estava tudo bem.
Que papel teve D. no silêncio de E.
O que F. esperava, se é que esperava.
Porque G. fingia, já que sabia muito bem.
O que H. tinha a esconder.
O que I. queria acrescentar.
Se o fato de eu estar ali ao lado
teve qualquer importância
para J., para K. e para o resto do alfabeto.”
SZYMBORSKA, Wisława. "ABC". In:_____. Um amor feliz. Trad. de Regina Przybycien. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.