tag:blogger.com,1999:blog-4784026675001070232.post3790254243162481132..comments2024-03-15T11:34:24.681-03:00Comments on ACONTECIMENTOS: Ascenso Ferriera: "Filosofia"Unknownnoreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-4784026675001070232.post-19651181697376925102013-01-18T00:12:14.752-02:002013-01-18T00:12:14.752-02:00Prezado Cícero:
Cometi mais uma tradução de um poe...Prezado Cícero:<br />Cometi mais uma tradução de um poema de Swinburne. Como você gentilmente divulgou minha tradução anterior, vou abusar de novo da sua boa vontade, pedindo que você divulgue esse também, se possível.<br />Meu Tumblr: http://nsantand.tumblr.com<br />Abraços!<br /><br />UM AMIGO MORTO – Algernon Charles Swinburne<br /><br />I.<br />Não mais, ó puro e meigo coração,<br />Amigo de esperas fatais,<br />Aqueles dias prósperos, irmão,<br />Não mais?<br /><br />Dias brilhantes de cristais<br />Viram mais, além desse desvão,<br />O que ninguém verá jamais.<br /><br />Alma’lva como a clara cerração,<br />Por que, então, cedo demais<br />Se foi para além de nós, para não,<br />Não mais?<br /><br />II.<br />Irmão de longas horas fugidias,<br />Que dilacerante emoção<br />Emanará da boca que dizia<br />‘Irmão’?<br /><br />Suspiro e canção que mesclam<br />Louvor com desolada agonia,<br />Embora ascenda a louvação?<br /><br />Nada oculta o que de ti irradia:<br />Por que encerra a escuridão –<br />Ó dileto e morto – tão cedo o dia,<br />Irmão?<br /><br />III.<br />Caro finado, cumpriste o dever<br />Ainda em vida, dando amparo<br />Aos corações que pudeste deter,<br />Caro<br /><br />Tempo e acaso podem, claro,<br />Crestar a fé com dor, e o morrer,<br />Cindir mãos com seu dom avaro:<br /><br />A memória, ora cega a planger<br />A dor, vê, com seu faro raro<br />Tudo o que de ti se fez para ser<br />Caro<br /><br />IV. <br />Fiel e afável de alma invulgar,<br />Que deve a memória cruel<br />Fazer além de ver a fé chorar,<br />Fiel?<br /><br />Poucos viram além do véu<br />Do teu ser, mas quem foi ao teu lar<br />Dedicou-te amor a granel!<br /><br />Janus, que faz o novo definhar,<br />Transforme algo velho em novel;<br />Um amor honesto a se declarar<br />Fiel.<br /><br />V.<br />Puro tal qual o céu, enquanto ao chão<br />Tu te mantiveste seguro,<br />Para os homens deste o teu coração<br />Puro<br /><br />Já não te cega mais o escuro<br />Agora: as horas em mutação<br />Afagam teu sono futuro<br /><br />O amor, sentindo ainda a morte tão<br />Perto, pode, com seu apuro,<br />Evocar teu doce ser, meu irmão<br />Puro<br /><br />VI.<br />Como, ó amigo, deve ser a vida?<br />Esquecer o perpétuo sono?<br />A fé concede à dor do amor guarida,<br />Como?<br /><br />É certo, tristes seres somos.<br />No entanto, mesmo que certa a lida,<br />Brilha tua testa tal um pomo.<br /><br />Sim, embora tu estejas de partida,<br />O amor te encontrará de assomo,<br />Apesar de não sabermos ainda<br />Como.<br /><br />VII.<br />Passou, como canção que desvanece,<br />E enquanto era vivo, brilhou;<br />Como o pio da ave de que se esquece<br />Passou!<br /><br />O vento da morte soprou,<br />O senhor da canção o fornece,<br />Mas teu amor firme ficou.<br /><br />O trono vazio de um rei que fenece:<br />Mas, para a dor que perdurou,<br />O amor fez canção do que não se esquece.<br />Passou.Nelson Santanderhttp://nsantand.tumblr.com/noreply@blogger.com