19.5.10

Gastão Cruz: "O que fez sentido"




O que fez sentido


Reformulamos o amor porém se fórmula
não existia como repeti-la?

É preciso criar um eco ambíguo
que deixe de ser eco e tome a forma

do que viver possa ter sido:
encontraremos restos do sentido

que num instante incerto alguma coisa fez
e nunca poderá ser repetido




CRUZ, Gastão. Escarpas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.

10 comentários:

Lisete de Silvio disse...

Panta rei

João do Corujão da Poesia disse...

A poesia do Antonio Cícero é a que me acompanha diariamente, às vezes, só ouço-a através do CD, sem tocar nos livros e nada se repete. A não fórmula. Sempre um POEMA novo a inaugurar novas impressões e sentimentos, tal como o invento amoroso. Obrigado Antonio Cícero!!!
João Luiz ou João do Corujão da Poesia.
www.corujaodapoesia.com

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


Intrigantemente belo!



Abração,
Adriano Nunes.


Um poema:

"A hora sem forma" - Para Manuel Bandeira

A cinza
A hora cinza
Acima do tempo
Ainda

Violeta
Violenta
Violada
Vândala hora-luz

(Sobre-
Humana
Promessa de vir-
Ar verso)

Além do pensar
A hora por vir
A outra
Aurora.


Adriano Nunes.

Antonio Cicero disse...

Muito obrigado, João Luiz! Viva o Corujão!

Abraço grande

Anônimo disse...

Antonio,


Lindo!

Um novo poema:

"É à noite"

É à noite
Que eu me dispo de mim
E vou ser quem me penso,
Que me alimento dos sonhos,
Dos lugares todos, dos lares,
Dos bares, becos,
Baixadas, cais,
Das taras, raras e caras,

Das prostitutas,
Dos michês,
Dos travestis,
Dos que estão ali
Apenas a viver.

É à noite
Que eu acho
As coisas mais transparentes...
Tendo-as no coração,
Abrigando-as, sem medo.
Assim me impregno
Das estrelas e da lua.

Hoje, à noite,
Vou-me libertar,
Vou-me dar
Por satisfeita,
Vou amar a vida,
Vou dançar, sentir-me
Perdida, vou sorrir,
Vou vingar
Entre brilho e treva.

É à noite
Que tudo pode
Descansar, dormir,
Fechar os olhos,
Parar um pouco...
E sonhar

Que é possível
Acreditar em
Alguma coisa.


Beijos,
Cecile.

Cláudia Magalhães disse...

Belo, Antonio!
Postei teu link no meu blog e todos os dias me faço feliz!

Parabéns!

Cláudia.

Anônimo disse...

Cícero,

Todo mundo postando poemas rsrsrsr quero pôr o meu também na festa!...Opa! O poema do Gastão é tudo de bom! valeu!


"Acerto"


Da vontade veio
Essa idéia meio ingênua...
É que ando querendo
Estar perto de ti,
Próximo e íntimo
Dos teus pelos, dos teu poros
E de tuas caretas...
Até de tuas queixas.

Vibra em mim um desejo
Volátil de jogar-me
A teus pés...

(Acho que eu iria cair
Em gargalhada -
Não sou um bom
Ator!)

Porque
Estou pensando
Em como pôr
A minha vida dentro
Da tua: Carta
Encontrada no carteiro,
Garrafa lançada ao
Mar...

(Não é
Que tentei fazer isso
Uma três vezes
E a danada da garrafa
Voltou!)

O amor
Parece piada.
Ou poema
Por escrever.
Se vinga,
Vira rima.
Se não calha,
Ai que raiva!


Abraço,
Mateus.

Climacus disse...

"A grande vantagem da recordação (anamnêsis) é começar com uma perda, por isso está tão seguro, pois desde o princípio não tem nada a perder" (Kierkegaard, A repetição).

de um modo bem pouco racional,creio, o que se perdeu só pode ser rememorado no futuro, donde, procuramos na memória o futuro. Abraço.

Claire disse...

Legal Paulo, levando para o âmbito do amor,lembrei do seu artigo "amor sem fim" , o amor pode acabar mas a fábrica de Amar continua, é eterna.

Jonathan disse...

Lindo!